terça-feira, janeiro 10, 2006

A Conspiração Contra a América


Philip Roth disse numa entrevista, "Quando temos um livro de História na nossa frente sabemos que não é uma obra de ficção. Se temos uma obra de ficção, sabemos que não é um livro de História".
Esta afirmação vem a propósito do livro "A Conspiração Contra a América", no qual o enredo parte da premissa de que Frank Delano Roosevelt, em vez de disputar a cadeira presidencial em 1940 com um inexpressivo candidato republicano, tivesse-a perdido para o popular Charles A. Lindbergh, o famoso aviador, simpatizante do nazismo.
Construindo um relato ficcional em torno da sua própria família, Philip Roth descreve o que representou para si e para milhares de americanos a ameaçadora administração Charles Lindbergh. Na luta pela sobrevivência numa América fascista, são retratadas, de forma polémica, figuras históricas políticas importantíssimas nos Estados Unidos da América, durante os anos da Guerra Mundial.

Apesar da veemente recusa de Philip Roth em elaborar paralelismos com a actual situação política norte-americana, muitos consideram o livro como forma de protesto pela actual política da administração Bush contra minorias étnicas.
E, para que não restem dúvidas, Philip Roth foi bem claro ao dizer " trata-se de uma ficção criada pela imaginação, não pela minha. Comecei a escrever este livro em Janeiro de 2000.A ideia ocorreu-me em Dezembro do ano anterior. Bush só foi empossado em 20 de Janeiro. Estava no meio do romance quando ocorreu o ataque de 11 de Setembro. Antes disso, a presidência de Bush nem existia. Não passou pela minha cabeça nem por um segundo".
É um livro que
vale a pena ler, do melhor, na minha opinião, escritor mundial da actualidade.
Philip Roth nasceu em Newark, New Jersey, em 19 de Março de 1933. Nascido no seio de uma família judia proveniente do Leste da Europa, escreveu a sua primeira obra em 1959 “Goodbye, Columbus” (não traduzido para o português), que lhe valeu logo o National Book Award. Viveu em Roma, Londres, Chicago e Nova York, antes de se mudar definitivamente para o interior dos Estados Unidos, mais precisamente para o Connecticut, onde leva uma vida de quase eremita. Acorda cedo, escreve seis horas por dia, seis dias por semana. Foi casado durante anos com a atriz Claire Bloom - casamento que acabou num divórcio litigioso em que Roth chegou a cobrar de Claire as horas que passou ajudando-a a decorar textos. Não vê televisão, e não vai ao cinama. Com os raros amigos, costuma conversar por telefone. Odeia ficção e só lê sobre o assunto que depois vai escrever.
O seu primeiro livro é de 1959, “Goodbye, Columbus”, seguindo-se a brilhante obra de 1969 “o Complexo de Portnoy” que se tornou um grande sucesso e convenceu os críticos da sua qualidade como escritor. Mas temos que esperar pelos anos noventa, pela sua trilogia, iniciada em 1997 com “Pastoral americana”, seguido de “Casei com um Comunista”, de 1998 e “Mancha Humana” de 2000, para ser reconhecido como muito provavelmente o melhor escritor vivo. Esta trilogia, narra a invenção dos EUA tais como são agora, sempre pelos olhos de personagens autobiográficos, principalmente Nathan Zuckerman, alter ego do autor na trilogia.
A ficção começa com os anos 60, em “Pastoral Americana”, de seguida recua alguns anos em “Casei com um Comunista”, que revê o macarthismo, e conclui-se com “Mancha Humana”, em que o politicamente correcto e o escândalo Mónica Lewinski são o pano de fundo de um conflito racial .
Philip Roth ganhou os quatro mais importantes prémios literários da América:o National Book Critics Circle Award com The Counterlife (1986), o National Book Critics Circle Award com Patrimony (1991), o PEN/Faulkner Award com Operation Shylock (1993), o National Book Award com O Teatro de Sabbath (1995), e o Pulitzer Prize com Pastoral Americana (1997). Ganhou o Ambassador Book Award da União de Língua Inglesa com Casei com um Comunista (1998); no mesmo ano foi galardoado com a National Medal of Arts, na Casa Branca. Com A Mancha Humana, Roth obteve o seu segundo PEN/Faulkner Award bem como o Britain’s W. H. Smith Award para o Melhor Livro do Ano. Em 2001 recebeu o mais alto galardão da Academia Americana de Artes e Letras, a Gold Medal para ficção, atribuída de seis em seis anos «para o conjunto da obra».

Peço desculpa, por não ter tempo para vos visitar mas estou com muitíssimo trabalho!

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